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Se é escuridão que vejo nem sei mais, faço parte disso.
Convivo com isso.
Sei que estes vultos que andam ao meu redor estão aqui porque as comportas já foram abertas.
Vagam por aí.
Sinto sua presença alheia.
E uma vertigem me atinge quando está por perto.
Os meus demônios.
Vozes que me dizem algo, mas não entendo.
Procuro, mas não encontro.
Correntes, é o que vejo ao se aproximar de uma figura obscura no meio de um grande salão com várias imagens nas paredes.
E os espelhos refletem um ser sem face, quando passo.
O fogo que estala aos pés da figura obscura, não queima, fortalece.
Impiedoso Ser. Algum deus?- Não sei.
Fico olhando esta figura, de cabeça baixa, correntes nas mãos e pés, suspendendo no ar, e percebo que eu já vi em vida - isto é, se em algum dia teve vida.
Meu demônio adormecido.
A minha imagem sem perdão.
O ódio que envenena cada vez mais, serve como armadura para uma batalha.
Para um confronto final.
Não sei que batalha é esta, mas que esta figura se prepara, disso eu sei.
Adormecida em meio a tantos vultos inquietos, em meio a tantos gritos de desespero.
Os meus demônios estão aqui, a vertigem me tanta consumir, eu a espanto.
Quero conhecer estes seres que me rondam.
Quero poder ver e não ter medo, ou se apavorar.
Afinal, são os meus demônios.